quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Período de silêncio

Amigos, estive um tempo sem escrever. Além de termos tido dias mais corridos, e os preparativos pra chegada da Aurora, também tivemos a viagem pra Lajeado no feriado de 7/9, para os 80 anos da vó Oma.
Acho que acontece com todo blog: primeiro, a empolgação com a idéia, aquele jorro de textos; depois tem uma certa estabilidade, toda semana uma postagem básica; e lá pelas tantas a coisa vai perdendo o fôlego. Felizmente, esse blog tem uma fonte aparentemente inesgotável de novidades e frases de impacto, chamada Lorena. É como eu costumo dizer: a autora do blog é ela; eu sou só o veículo, o canal de divulgação.
Como preparativo pro parabéns da Oma, passamos alguns dias ensaiando com ela aquele Parabéns Gaúcho ("Parabéns/ saúde, felicidade/ que tu colhas sempre todo dia/paz e alegria na lavoura da amizade"). Não tinha certeza de que ela cantaria quando fosse pra valer, pois ela às vezes fica encabulada com essas coisas. Mas não é que ligamos pelo skype e ela cantou pra vó, a plenos pulmões? Deixou a vó feliz e o pai orgulhoso!
Em ocasiões como essa, também dá pra dar uma sossegada, pois sempre tem um tio ou primo pra brincar com a Lorena. A Erika ficou bastante com ela nos balanços e na caixa de areia, logo depois do almoço. Mais tarde, algumas pessoas fizeram menção de sair pra arrumar as coisas da festa, e a Lorena olhou pra Erika e disse, em tom de comando:
"Você não vai!"

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Tem algumas expressões novas que a Lorena tem experimentado nas construções frasais dela. Uma delas é "hoje de manhã". Pelo que sei, a noção de passado e futuro não está muito clara pra crianças de 2 anos e pouco, nem a distância no tempo em que algo aconteceu/acontecerá. Em resumo, eles são muito ligados no presente. Mas "hoje de manhã" tem sido usado pra relatar fatos ocorridos no passado, seja de fato hoje de manhã, ou ontem, ou semana passada, ou há alguns minutos atrás.

A outra é "sabe por quê?", dito em um tom levemente professoral, como se ela detivesse um conhecimento bem exclusivo.
"Sabe por quê?" tem sido usado para encadear duas orações apenas muito vagamente relacionadas. Outro dia vi ela saindo com uma frase assim: "Eu brinquei com o Gustavo na escolinha. Sabe por quê? Porque o Gustavo machucou a perna na cama elástica". Ou seja, não há muita relação entre as duas coisas, a não ser o fato de que o Gustavo participou de ambas. Mas é divertido ver como ela arrisca usar novos termos à medida em que observa outras pessoas (nesse caso, provavelmente as professoras) falarem.

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Nesse período sem escrever lembrei de uma história mais antiga, mas bem engraçada.
Tem acontecimentos que são tão marcantes que todo mundo se lembra exatamente o que estava fazendo no dia em que aconteceu. Um deles é o 11 de setembro. Pergunte pra qualquer pessoa e ela vai contar em detalhes onde estava, o que comeu, o que fazia, etc.
Outro evento desses é o dia do 7x1 da Alemanha. No meu caso, marcamos de assistir o jogo na casa do Márcio e Luciana, padrinhos da Lorena. Ela ainda não caminhava na época, mas já engatinhava e se levantava segurando nos móveis.
A Lidi tinha mandado fazer umas camisetas amarelas pra torcida, com números e nome nas costas. Chegamos lá um pouco antes do jogo, aquela animação, um monte de comida e bebida, todo mundo fazendo bolão do placa...
Quando o jogo começou, e a Alemanha foi socando gols, a animação foi murchando. Depois de 20minutos, quando já estava 4x0, a cena era de miséria. Estavam todos estáticos, olhando pra TV com ar distante, a cerveja quente pelos cantos...
A Lorena, como que percebendo que aquele programa não tinha futuro, engatinhou até a TV, se ergueu agarrada no móvel e PUF! desligou a TV.
Foi muito engraçado. Era como se ela dissesse: "chega disso, vamos mudar de programa".
Ao invés de ouvi-la, religamos a TV pra ver o resto do massacre.