Não me considero um pai melhor do que nenhum outro. Não tenho filhos criados pra saber exatamente o que dá certo e o que não dá. Mas algumas atitudes de outros pais não entram na minha cabeça.
Outro dia, novamente no parque de Águas Claras, a Lorena começou a brincar perto de um menino mais novo, que perambulava na areia de fralda e com um pirulito na mão. O pai estava a uns 10m de distância e fuçava no celular.
Nada contra o pirulito, era fim-de-semana e talvez fosse só um agrado eventual pro guri.
E nada contra ficar mexendo no celular também, embora eu ache que levar o filho no parquinho seja uma oportunidade boa pra se desconectar um pouco, fugir da presença constante da TV e outros gadgets. Seguidamente vejo pais balançando os filhos e, simultaneamente, vendo as últimas e imperdíveis atualizações dos amigos no Facebook. Eu particularmente gosto de ficar observando a Lorena no parquinho, pois nessa idade, as habilidades se desenvolvem quase semanalmente.
(No último mês, por exemplo, a Lorena começou a escalar uma rampa com uns boulders, apoios que imitam pedra. Antes ela não conseguia, pois acabava ficando com o pé errado na pedra e não conseguia seguir. Mas agora dá pra ver claramente que ela planeja a escalada, só erguendo a perna quando ela tem clareza de qual será o passo seguinte. Fascinante!)
Mas voltando: o guri andava pra lá e pra cá com aquele pirulito, que já melava a mão e o rosto. Lá pelas tantas, aconteceu o que era previsível: ele tropeçou e o pirulito encheu de areia. Ele olhou pro pirulito com uma certa decepção, e deu pra ver que ele pensou seriamente em ignorar a areia e seguir lambendo.
O que o pai fez?
"Não lambe não, bebê. Tá sujo, joga fora"
Dito e feito, o pirulito foi arremessado e caiu na grama ao lado do parquinho. E o pai voltou pro seu smartphone.
Ou seja, além de ficar que nem um dois de paus e não dar uma mão pro guri, ainda ensina ele que jogar lixo no chão é aceitável.
Não aguentei. Falei algo como "assim não!", catei o pirulito e levei até a lixeira que estava a poucos metros de distância.
Se serviu pra alguma coisa, não sei. Mas o engraçado é que depois o cara ainda ficou puxando assunto comigo.
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Outra cena pior eu assisti há mais tempo, enquanto a Lorena e eu esperávamos a Lidi em frente à farmácia aqui perto. Um carro estacionou ao lado e desceu uma mulher bem apressada. Alguns instantes depois, saiu do carro a filha pré-adolescente, um pouco desajeitada. Nisso a mãe já tinha apertado o botão do alarme, sem que a menina tivesse saído completamente do carro. O alarme disparou espalhafatosamente. A mãe saiu da farmácia e, pro meu espanto, deu um sermão humilhante na guria:
"Sua lerda, sua lesa. A culpa é sua!"
Nessa eu não consegui intervir. Nunca espero tamanha estupidez das pessoas, então esse tipo de coisa me pega de surpresa. Também não sei se seria certo intervir.
Mas por quê tanto desamor? Todo adolescente é meio desajeitado, será que essa mulher não lembra disso? Humilhar um filho assim em público... E pra quê tanta pressa? O que aconteceu com essa mãe, será que ela cansou da filha?
Fiquei sinceramente chateado e pensando naquela cena por alguns dias. Prometi que jamais faria algo assim.
domingo, 17 de janeiro de 2016
Coletânea de ano-novo
Bom, já que a Aurora decidiu esperar mais um pouco pra nascer, tenho tempo para atualizar o blog com coisas que eu pensei em escrever nas últimas semanas. E olha que a Lorena já teve todo tipo de "premonição" sobre o momento da chegada da irmã: primeiro ela disse que nasceria "dia tleis" (e não me pergunte por quê). Já mais recentemente, ela cravou a hora exata do nascimento: duas e qualenta!
"A Aulola não quer sair da sua barriga, mamãe?"
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Lembrei de uma expressão que a Lorena criou no verão passado, quando passamos uma temporada no Cassino, que ela insistia em chamar de "piscina-praia".
Engraçado como o ser humano descreve o mundo a partir das suas experiências. Pra ela, uma guria de apartamento, a praia era essencialmente isso: um tipo específico de piscina.
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Sobre o processo de desfralde, não tenho grandes textos a escrever. Foi trabalhoso e em alguns momentos pareceu que nunca ia funcionar, mas um pouco de paciência e insistência lá pelas tantas começam a dar resultado. Agora fazemos até ao ar livre, na graminha entre a nossa rua e o metrô ou em outros locais públicos, mas discretamente escondidos dos olhares gerais. Outro dia estávamos no Parque de Águas Claras e ela pediu pra fazer xixi; fomos logo para trás de uma árvore e estava resolvido.
"Aqui não dá pra dar descarga, né papai?"
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Pros momentos em que a Lorena não quer se alimentar direito, inventei o Capitão Anemia. É um contraponto ao Capitão América, que aparentemente foi ressuscitado pela Marvel e faz muito sucesso na escolinha, junto com o Hulk e o Homem-Aranha. Mas o Capitão Anemia não come arroz com feijão, e com isso não tem força pra brincar no pula-pula e balançar.
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Colocamos algumas luzinhas na janela pro fim-de-ano. Expliquei pra Lorena que isso ajudaria o Papai Noel a achar a nossa casa. Ela gostou da explicação, mas preferiu não se deparar com ele. Na noite do dia 24, fomos pro parquinho e só voltamos pra casa quando garanti de pés juntos que o dito cujo não estava mais em casa.
Já na noite do dia 31, levei ela pra janela pra ver os primeiros fogos. Eram 21h30 e ela fazia força pra ficar acordada.
"Vamos dormir Lorena?"
"Não, eu quero esperar o ano-novo entrar pela nossa janela"
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Já no dia 1º, a Lorena acordou às 6h da manhã. Tentei deitar com ela pra ver se pegava no sono novamente, mas ela tagarelou uma longa história que incluía o Ano-Novo, o Capitão Anemia, o Lobo Mau e outros personagens reais ou imaginários. Não teve jeito, não dormiu mais. Feliz 2016!
"A Aulola não quer sair da sua barriga, mamãe?"
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Lembrei de uma expressão que a Lorena criou no verão passado, quando passamos uma temporada no Cassino, que ela insistia em chamar de "piscina-praia".
Engraçado como o ser humano descreve o mundo a partir das suas experiências. Pra ela, uma guria de apartamento, a praia era essencialmente isso: um tipo específico de piscina.
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Sobre o processo de desfralde, não tenho grandes textos a escrever. Foi trabalhoso e em alguns momentos pareceu que nunca ia funcionar, mas um pouco de paciência e insistência lá pelas tantas começam a dar resultado. Agora fazemos até ao ar livre, na graminha entre a nossa rua e o metrô ou em outros locais públicos, mas discretamente escondidos dos olhares gerais. Outro dia estávamos no Parque de Águas Claras e ela pediu pra fazer xixi; fomos logo para trás de uma árvore e estava resolvido.
"Aqui não dá pra dar descarga, né papai?"
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Pros momentos em que a Lorena não quer se alimentar direito, inventei o Capitão Anemia. É um contraponto ao Capitão América, que aparentemente foi ressuscitado pela Marvel e faz muito sucesso na escolinha, junto com o Hulk e o Homem-Aranha. Mas o Capitão Anemia não come arroz com feijão, e com isso não tem força pra brincar no pula-pula e balançar.
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Colocamos algumas luzinhas na janela pro fim-de-ano. Expliquei pra Lorena que isso ajudaria o Papai Noel a achar a nossa casa. Ela gostou da explicação, mas preferiu não se deparar com ele. Na noite do dia 24, fomos pro parquinho e só voltamos pra casa quando garanti de pés juntos que o dito cujo não estava mais em casa.
Já na noite do dia 31, levei ela pra janela pra ver os primeiros fogos. Eram 21h30 e ela fazia força pra ficar acordada.
"Vamos dormir Lorena?"
"Não, eu quero esperar o ano-novo entrar pela nossa janela"
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Já no dia 1º, a Lorena acordou às 6h da manhã. Tentei deitar com ela pra ver se pegava no sono novamente, mas ela tagarelou uma longa história que incluía o Ano-Novo, o Capitão Anemia, o Lobo Mau e outros personagens reais ou imaginários. Não teve jeito, não dormiu mais. Feliz 2016!
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