Novamente retorno após um período mais longo sem escrever. Desta vez por um bom motivo: a chegada da Aurora e a adaptação a uma nova família. Apesar de algum cansaço, foram dois meses ótimos, espero em breve estar contando histórias da caçulinha também.
Na verdade, acho que as semanas anteriores ao nascimento da Aurora foram mais cansativas do que o período posterior: como ela não queria nascer (acabou vindo de cesariana com quase 42 semanas), estávamos todos ansiosos, e isso inclui, naturalmente, a Lorena. Dá pra imaginar a cabecinha dela: estava todo mundo (vós, tios) por perto, esperando; minha mãe está sempre cansada, não consegue brincar muito comigo; e porque raios essa tal de irmãzinha não quer sair da barriga?? O que será que vai acontecer com o mundo que eu conheço e no qual me sinto segura?
Também não ajudou o fato da Lidi ter que ficar três noites no hospital. Como a Aurora nasceu de noite, e a alta só é dada durante o dia, após no mínimo 48 horas, a volta pra casa demorou mais do que tínhamos prometido pra Lorena. Também dá pra imaginar o que passou na cabeça dela: "pronto, essa irmãzinha me roubou minha mãe".
Mas depois, ficou claro que essa irmãzinha é inofensiva, e até dá pra brincar de boneca com ela de vez em quando: ajudar a trocar fralda, passar pomada, pegar no colo eventualmente... fico feliz vendo como elas têm um convívio tranquilo: a Aurora deitadinha na cadeirinha dela, vendo o mundo passar, ou simplesmente dormindo, e a Lorena brincando numa boa com as coisinhas dela. As cenas de ciúme foram raras, e nunca se voltaram contra a Aurora em si. Em geral a revolta era com o pai e a mãe, ou consigo mesma: muitas vezes a Lorena teve que sentar e chorar no chão, sem explicação aparente, simplesmente por frustração de não conseguir expressar o que deixava ela chateada.
Esse bom convívio me deixou aliviado, pois tudo que havia lido e ouvido é que em nenhuma hipótese se poderia deixar os dois (irmão mais velho e bebê) sozinhos. Essa necessidade de vigilância permanente me irrita muito. Porém, no caso das duas, desde cedo vimos que não é necessário: dá pra deixar as duas na sala tranquilamente enquanto cozinhamos ou vamos no banheiro. Agressão física nunca houve.
Em resumo: tudo bem por aqui, só tenho escrito um pouco menos. Mas à medida que a(s) menina(s) for(em) soltando as pérolas, volto a registrar por aqui.
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A manifestação mais evidente do ciúme da Lorena é fazer alguma arte pra chamar atenção. E ela tem fixação por cosméticos, perfumes, pomadas, pasta de dente.
Um dia de manhã bem cedo, enquanto ainda dormíamos, ela levantou bem quietinha da cama, empurrou o pufe pra perto do trocador da Aurora, abriu o pote de pomada e encheu a mão. Desceu do pufe e "caiou" a parede azul do quarto dela de pomada branca.
Quando levantamos, tivemos que ralhar com ela, claro. Depois do xingão, trocamos a roupa e arrumamos a mochila pra ir pra escola.
Antes de sair de casa, a mãe ainda fazendo cara de poucos amigos, a Lorena solta essa:
"-Papai, bebezinho não pode ir pra escola né?"
Como que dizendo: podem brigar comigo, podem dar atenção pra ela, mas isso eu tenho que ela não tem!
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