Como disse no post anterior, me considero um pai envolvido. Troco fralda, botava pra arrotar, boto pra dormir, dou comida, troco de roupa, levo no parquinho, lavo a louça, cozinho... confesso que uma pessoa que me motivou muito a agir dessa forma foi meu colega e amigo Luciano Meneses, que tem uma filha pouco mais de um ano mais velha do que a Lorena. O Luciano é um cara tão empolgado, mas tão empolgado com a paternidade, que cativa sabe? E pense num baiano que fala, viu... quando ele começa a falar da Helena, pode procurar um assento pois certamente virão boas histórias. Ele pode falar uma tarde inteira da pequena dele.
O fato é que, quando a Helena nasceu, o Luciano contava das primeiras noitadas com ela, e explicou como eles faziam quando ela acordava de noite: a esposa dele ficava na cama, enquanto ele levantava, trocava a fralda e levava pra mãe na cama pra dar de mamar. Depois da refeição, ele pegava novamente a menina, botava pra arrotar (pelo menos 10 minutos de pezinho, batendo suavemente nas costas) e depois botava pra dormir, enquanto a mãe voltava pro seu merecido e necessário descanso. A única coisa que ele não fazia, naturalmente, era amamentar. Luciano, meu ídolo!
Eu mesmo nunca cheguei a esse ponto, pelo menos não regularmente. É certo que fiz de tudo um pouco, e na maioria das vezes acordava junto com a Lidi pra ajudar de alguma forma. Muitas vezes também fiquei botando a Lorena pra arrotar enquanto a Lidi voltava pra cama, mas o fato é que no nosso caso isso nunca foi muito sistemático.
De qualquer forma, eu me envolvia em tudo. E, pra mim, o motivo pra termos adotado esse arranjo sempre foi muito claro: é o mais justo. Pois ambos trabalhamos, temos mais ou menos a mesma qualificação, temos salários parecidos, pegamos a EPTG congestionada todo dia... é absolutamente justo que dividamos também as tarefas de casa e os cuidados dos filhos, em todos os aspectos em que isso é possível.
Porém, por mais justo que seja, será que esse arranjo é o melhor para os filhos? Será que um sistema onde os dois pais fazem de tudo, sem uma divisão clara de tarefas, não pode criar confusão na cabeça da criança? Será que o bebê precisa de referências bem distintas do papel de cada pai?
Acho que esse tipo de questionamento é típico de quem passou um tempo na pesquisa científica, como eu. É natural que gastemos algum esforço testando nossas hipóteses, questionando nossas verdades. Talvez se minha formação fosse outra, mergulharia com mais convicção no caminho escolhido, sem ficar constantemente avaliando seus prós e contras.
Minha mãe, que como falei anteriormente, criou os filhos em outro esquema, e nunca reclamou dele, disse uma vez que esse o meu envolvimento é um pouco uma coisa de "moda". Achei divertido, não me importo com o comentário dela, acho que criar filhos é uma coisa tão complexa que temos que considerar todo tipo de experiências e conhecimentos dos outros, principalmente dos pais, pra compor nossa própria "colcha de retalhos".
Minha opinião? Estou muito satisfeito com os resultados até aqui. Participei intensamente da vida da minha filha, acredito que conheço ela muito bem, e sinto que ela retribui com muito carinho a minha dedicação.
P.S. O preâmbulo continua e ainda não entrei no assunto "canguru". Vamos chegar lá!
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