quinta-feira, 18 de junho de 2015

Canguru! (3)

Agora sim! Nesse post hei de falar do canguru!

Como pai envolvido, me propus a cuidar da Lorena após o fim da licença da Lidi. Em comparação com a maioria das mães de Águas Claras, que em geral são servidoras públicas (6 meses de licença) ou não trabalham, a Lidi teve menos tempo pra se dedicar exclusivamente à filha. Quatro meses de licença, é a regra pra celetista. Mais alguns dias de férias, e chegaria o dia dela voltar ao trabalho.
Desde o início nossa idéia a longo prazo era colocar a Lorena em uma creche, e não com uma babá (volto ao assunto no futuro). Mas colocar na creche com 4 meses é de apertar o coração, né? Eu não tinha noção, mas nessa idade, um mês ou dois fazem uma baita diferença. A Lorena, com quatro meses, ainda nem sentava sozinha! E olha que sentar, por incrível que pareça, é uma tremenda conquista, representa uma baita independência, tanto para o bebê quanto pra quem cuida dele.

Assim, nossa idéia era ficar com ela em casa por mais um tempo, até uns 7-8 meses, e só então colocá-la na escolinha. Pra isso, fizemos um super cronograma de revezamento, que consistia basicamente em "importar" as avós do RS pra cuidar dela, cada uma por um período. E eu acabei pegando um mês de férias também, pra ficar com ela, quando ela tinha por volta dos 5 meses.
Será que dou conta?? Ficar o dia inteiro sozinho com a guria, tentando entender as necessidades dela, a razão do seu choro, botando pra dormir, etc etc??
(na realidade não era beeem o dia inteiro, pois a Lidi voltava pra almoçar em casa quase todos os dias, e aproveitava pra dar de mamar. Mas ainda assim, o normal era sair às 8h30 e chegar umas 19h).

Deu tudo certo. No fim da primeira semana cuidando dela, minha mãe me ligou toda orgulhosa, dizendo que eu era o primeiro Haussmann ("dono-de-casa") na família.
Mas depois de um tempo (e acredito que isso seja verdade pra outros pais e até mães), o grande desafio de cuidar de um bebê pequeno passa a ser vencer o tédio, que uma hora ou outra acaba tomando conta. Principalmente morando em apartamento. Principalmente quando se tem "bicho-carpinteiro", como é o meu caso.
(acho que não preciso pintar um mundo cor-de-rosa e posso ser bem franco aqui: o tédio também faz parte de criar um filho)
Aí é que entra o canguru. Como gosto de caminhar, pensei que seria legal preencher o tempo entre uma mamadeira e outra com uma boa volta pela cidade. E assim fizemos. Caminhávamos pelo parque, a Lorena no canguru. Íamos no hortifruti, a Lorena no canguru. Fomos em uma exposição de origami, no minizôo do La Salle, na exposição da renascença que teve no CCBB... Todos os dias, saía pra caminhar de manhã e de tarde, caminhadas de uma ou até duas horas.
A Lorena normalmente dormia nesses passeios, às vezes até duas sonecas por caminhada. Mas ela nunca reclamava: quando estava acordada, ficava olhando o mundo à volta, balbuciava algo, estava sempre em paz. No livro "O rastro dos cantos", em que documentou suas andanças entre os aborígenes australianos (que já li duas ou três vezes), o escritor Bruce Chatwin veio com uma teoria que gostei muito: por mais urbanos e sedentários (no sentido de não migrar) que sejamos, bem lá no fundo dos nossos genes ainda existe algo do nosso antepassado nômade, caçador-coletor, que nos impele a estar em movimento, e isso explica porque os bebês em geral ficam relaxados com um leve balanço, ou andando no carro. Acho que isso também explica a tranquilidade da Lorena nesses momentos.
 
Enfim, foi nesse período que me apaixonei por esse utensílio. Minha dica para os pais: usem muito o canguru, é uma forma excelente de criar um vínculo com seu filho.
(será que essa satisfação tem a ver com alguma frustração mal resolvida dos pais, decorrente do fato de que somente as mães carregam o filho no ventre? psicólogos, entrem em cena!)
Na época, tinha um canguru de uma conhecida marca italiana. Depois, quando a Lorena ficou mais pesada, as alças começaram a ralar minhas costas e troquei para um ergobaby, seguindo a dica da minha prima Rosvita. Já meu amigo Tiago Ruschel, pelo que sei, é fã dos slings, que eu nunca usei. Acho que todos são válidos.
Um abraço





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