Quando a marquinha do exame de farmácia ficou azulzinha, há quase 3 anos atrás, minha cabeça ficou um turbilhão. Minha reação foi: "e agora? o que faço? vou fugir correndo!"
A Lidi disse que eu não fugiria de jeito nenhum. Eu devia ficar e ajudá-la com o bebê.
E isso que nós queríamos engravidar, estávamos tentando. Mas na hora em que vira realidade, sempre dá um friozinho na espinha.
Eu acompanhei a gravidez da Lorena assim: curtindo, me preparando, mas o tempo todo com aquela angústia: será que eu dou conta?
Minha maior dúvida sempre foi se teríamos a sabedoria de achar a dose certa, pra tudo. Até algumas gerações atrás, criar bebês era feito de forma autoritária, com uso da violência se necessário. Aparentemente isso não é mais bem-visto hoje em dia, e os pais dão bem mais liberdade pros filhos. Pelo que sei, porém, liberdade em excesso também não funciona, faz com que os pais sejam dominados pelos filhos, que, sem uma diretriz clara, acabam infelizes.
Tudo bem, sabemos o que não fazer. Na teoria, muito simples. Mas na prática, como isso funciona?? Como achar esse ponto ideal entre repressão e liberdade? Se pesar um pouco para um lado, vou criar um rebelde. Se relaxar demais, vou criar um ditadorzinho.
Esse dilema me angustiava.
Quando a Lorena nasceu, dormimos uma noite no hospital, eu meio improvisado no sofá do quarto. Claro, foi uma noite em que pouco dormimos, nossa filha estava aprendendo a viver fora da barriga, e nós aprendendo juntos.
Não tive exatamente um sonho, foi mais uma imagem que criei na minha mente, naquela mistura de adrenalina, alegria, tensão e cansaço: estava eu no Himalaia, com uma picareta na mão, e minha missão era britar todo o Monte Everest! À mão.
Assim me parecia a tarefa de criar um filho: uma tarefa enorme, pra vida toda, que exigiria paciência e perseverança dia após dia, e para a qual eu estava pobremente equipado.
Agora, depois de dois anos, me acalmei bastante. Cheguei à seguinte conclusão: dando atenção, dando carinho pro filho, uns 90% já estão resolvidos, e o resto vem quase que naturalmente. Não vou dizer que acertamos em cheio o ponto de equilíbrio, ou que a Lorena é um exemplo de boas maneiras (nesse exato momento enquanto escrevo, ela está fugindo da mãe no aeroporto de Campinas, em conexão de volta pra Brasília - antes disso ela deu piti pra amarrar o cinto na hora de pousar, e com a freada foi parar embaixo do assento da frente).
Mas com paciência e carinho vamos achando o caminho certo.
Adorei o blog. Assim, de longe, ficamos sabendo dessas histórias todas tão interessantes... E além disso, como mãe de primeira viagem eh muito bom saber de outras experiências..
ResponderExcluirParabéns papai, tenho certeza que a Lorena vai gostar muito de ler tudo isso um dia.
Beijos tia Sergi