A notícia de uma nova gravidez sempre traz à tona a questão da eventual preferência dos pais pelo sexo do bebê. Hoje em dia, em que a maioria dos casais têm no máximo 2 filhos, é quase um clichê querer um casalzinho. Ou seja, se o primeiro foi menino, é comum desejar uma menina na 2ª gravidez, e vice-versa.
Mas de modo geral, ainda existe um certo viés de expectativa por meninos, secreta ou explicitamente. Acho que aqui em Brasília isso é mais forte do que no RS. Quando saio com a Lorena e digo pras pessoas que estamos esperando outro bebê, muitas pessoas me dizem "ah, mas agora você deve estar querendo um menino, né?"
Acho que também é comum não revelar um eventual desejo, mesmo que ele exista lá no fundo, pra não criar expectativa e pressão. Mas eu me fiz essa pergunta algumas vezes e vou falar com toda franqueza: não tenho preferência, o que vier será muito bem-vindo!
Confesso que na 1ª gravidez eu imaginava que seria mais fácil pra mim ter um menino primeiro. Não chegava a ser uma preferência, somente algo que eu conseguia ver o processo com mais clareza, digamos.
Mas logo que soubemos que era uma Lorena, já me apaixonei pela idéia de ser pai de uma menina. E está sendo muito bom. Tão bom que às vezes fico inclinado a desejar outra menina, pelo carinho que recebo daquela guriazinha e pela delícia de imaginar como seria se fosse tudo em dobro. Também acho que outra menina faria uma companhia melhor pra Lorena. Em muitos aspectos ela é o estereótipo de uma menininha: gosta de roupas, de hidratantes, de dar atenção pros bebês dela (não me entendam mal: claro que ela é muito mais do que isso; mas essa parte, digamos, feminina, ela também tem). Se fosse outra menina, acho que elas brincariam melhor juntas. Talvez um menino, com aquela energia toda, sei lá... poderia dar conflito.
Por outro lado, claro que a gente fica curioso pra saber como é ser pai de um guri. E tem "ene" casos de casais de irmãos que se dão muito bem (e irmãs que não se dão). Então é difícil tentar ter essa "bola de cristal".
Pensando em tudo isso, descobri que realmente não tenho preferência.
Tem outra coisa interessante sobre as meninas: na gravidez da Lorena, quando contei ao meu antigo chefe que teria uma menina, ele me falou uma coisa que nunca me esqueci: "Bruno, meus parabéns, ter filha mulher é muito bom: você ganha filhos". Fiquei sem entender num primeiro momento, até porque esse chefe, apesar de ser meu amigo, era uma figura pra lá de machista.
Mas depois, observando os casais que conheço, vejo que esse é um fenômeno real: depois de casar e, principalmente, de ter filhos, os casais se voltam com mais frequência aos avós maternos, em busca de apoio, do que aos paternos. Caricaturando, o marido é "perdido" pela sua família de sangue, e passa a ser "incorporado" pela família da mulher.
Acho que é natural: por melhor que uma mãe se dê com a sogra, sempre vai ter mais facilidade de entendimento com a sua própria mãe.
Não é uma regra, claro. Até acho que no caso da Lorena não dá pra fazer
essa distinção muito claramente. Mas achei a idéia interessante.
Li um pouco sobre isso em um livro chamado "O banqueiro do sertão", que
conta sobre a fundação da cidade de São Paulo, tomando como ponto de
partida a miscigenação dos espanhóis e portugueses com os índios no
interior da América do Sul. Nas sociedades guaranis, ao casar o marido passava a morar com a família da esposa, responsável por abrir roças pro sogro, etc.
Não lembro de ter constatado esse fenômeno quando morei na Alemanha durante a faculdade (provavelmente, meu olhar sociológico estava direcionado pra outras coisas, como as vizinhas do Wohnheim*). Mas na minha sociologia de botequim, talvez a herança índia do Brasil explique a frase do meu chefe.
* casa do estudante
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